Qual o impacto das Redes Sociais nas manifestações dos 20 centavos?


O poder de articulação das últimas manifestações pelas redes sociais reflete o processo de falência das mídias tradicionais. Pesquisa revela: 81% do público das manifestações que pipocaram no país, segunda-feira, 17 de junho, foi informado e articulado pelo Facebook. Atenção, somente pelo Face, sem contar Twitter, Google+ e outros. 

Das praças virtuais às ruas e praças da cidade. O virtual aquece as turbinas, articula o passo seguinte, que é aquele que eclode nas ruas e praças do País. O segredo aqui é: gente interagindo com gente, sem barreiras e filtros. O jornalismo há tempo perdeu o monopólio da informação.

Quanto mais interação, descentralização, mais as pessoas ficam empoderadas.


Um fator determinante nesse processo revolucionário das mídias sociais é a expansão frenética e popular dos sites de redes sociais. No Brasil, há aproximadamente 90 milhões de pessoas conectadas, mais da metade do povo das metrópoles está na rede. Num país com menos de 200 milhões de pessoas, contabiliza-se mais de 230 milhões de linhas de telefones móveis. O povo todo está conectado.

O que muda com isso? Muda quase tudo. Diz o sociólogo Manuel Castells, no seu livro "Comunicação e Poder" que, com a chegada do digital "emerge uma nova forma de comunicação interativa, caracterizada pela possibilidade de enviar mensagens de "muitos para muitos", em tempo real". E complementa: estamos passando da "comunicação de massa" para a "autocomunicação de massa", ou seja, as pessoas não precisam mendigar dos jornalistas de plantão as notícias que rolam no mundo. Basta um celular conectado em rede pra publicar, em tempo real, o que está acontecendo em qualquer lugar do mundo.

A mídia tradicional é obrigada a reeducar seu ego, a reduzir sua arrogância e, sobretudo, reconhecer que seus espaços estão sendo comidos por todos os lados. A velha mídia perdeu há tempo o controle da informação. Ela não é mais o "sacerdote da comunicação".

A lógica que move as redes sociais digitais é radicalmente diversa da comunicação tradicional (um para muitos). A rede é descentralizada, bidirecional, horizontal e interativa. Portanto, surge com ela novos paradigmas. "A revolução digital é hoje a última revolução comunicativa que alterou, pela primeira vez na história da humanidade, a própria arquitetura do processo informativo", disse Massimo Di Felice, doutor em comunicação.

Há, de fato, a descentralização da informação. A mídia tradicional está chegando bem depois. Um exemplo: pelas redes sociais, até segunda-feira, 17, dia que ocorreu a maior aglomeração popular, foram noticiadas nas redes sociais 548.944 publicações, de acordo com o levantamento feito pela agência Today. Uma das fontes estimadas da mídia tradicional são as redes sociais.

Entre os diversos sites de redes sociais, Twitter e Facebook se destacam. Aqui, algumas hashtags que eclodiram no Twitter, dia 17: #vemprarua, #ogiganteacordou, #protestosp, #mudabrasil e #semviolencia.

Estamos apenas nos primeiros minutos da grande virada copernicana que nossos filhos e netos irão usufruir de forma mais consolidada. É fato, estamos ainda na fase “verde” da sociedade-rede, todos anestesiados e até abobalhados com o que assistimos. O tempo agora é o de refletir, estudar e conhecer esse novo universo cultural que emerge com a rede. Quem mais rápido descobrir seu DNA, melhor viverá.

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